Tragam-me as flores
Deste Universo frio e
escuro,
Tragam-me a luz,
A luz deste Universo frio
e escuro,
Tirem as amarras deste
Universo frio e escuro…
E tragam-me toda a paixão,
Deste Universo frio
escuro.
Tão triste, meu amigo,
Quando vemos a manhã a
suicidar-se na sombra de uma árvore,
E eu, e eu nada posso
fazer,
A não ser,
Pedir ajuda,
SOCORRO…
E nunca sei se peço ajuda
para a sombra da árvore,
Ou se peço ajuda para a
manhã…
Mas a manhã,
Brevemente,
Estará feliz e contente;
Deixará de sofrer.
E enquanto não me trazem
as flores deste Universo,
Faço contas de cabeça,
E sabes meu amigo,
Já nem sei fazer contas…
Dito isto,
Acho que já nem sei fazer
anda,
A não ser,
Fazer sofrer…
E toda esta merda que te
escrevo,
São os meus gritos de
silêncio,
São as pedras da minha
infância…
Que quase sempre,
Com elas fodia os vidros
da minha escola.
E vê tu, meu amigo…
Até a minha escola
morreu;
Morreram todos aqueles,
Os nossos e os outros,
Uns morreram de tudo,
Outros…
Morreram de nada,
E entre o tudo e o nada,
Morro, parto deste
silêncio em escadaria
Em direcção ao céu.
E penso, muito, meu
amigo,
Penso quando
conversávamos de tudo e de nada…
E dentro dos círculos que
desenhaste no céu,
Escondo toda a minha
tristeza,
Toda a minha loucura…
De estar vivo sem o
merecer.
E, no entanto, penso em
ti.
E escrevo.
Escrevo porquê?
E juro-te, meu grande
amigo,
Juro-te que quando me
trouxerem as flores do Universo frio e escuro…
Não vou fazer nada;
Absolutamente nada.
O que fazer,
Meu amigo,
Quando todas as
personagens destes livros,
Todas,
No silêncio da noite,
Se abraçam a mim, todas
elas,
Sem que eu consiga fugir
e esconder-me junto a ti…
Dentro dos círculos que
numa qualquer noite desenhaste no céu…
Alijó, 06/05/2023
Francisco Luís Fontinha
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