Imagino as sílabas do teu cabelo
Abraçadas ao ponto de interrogação
e vírgula dos meus lábios,
Imagino o meu poema,
Este poema,
Escrito no silêncio dos
teus seios…
Imagino o mar,
Poisado docente no teu
ventre de mãe…
Esperando o regresso do parêntesis
recto das minhas mãos,
Imagino cada palavra que
escrevo
Dançando nos teus olhos
de doce-mar…
Imagino cada traço que
deixo numa tela…
Imagino-a em apertados
abraços às tuas coxas...
Enquanto um parvalhão de
um relógio,
(que me recuso a
imaginar)
Saltita de ponteiro em
ponteiro…
Até que regressam os
primeiros pingos de chuva pela manhã…
E o relógio senta-se,
E ignora-nos,
Imagino cada gotícula de
suor,
Cada pedacinho de uma
gotícula de suor que se passeia no teu corpo…
Pego-lhe docemente,
Brinco com ela…
Peso-a…
E percebo que o teu corpo
é habitado por uma fina película de desejo…
E sempre que abro a janela,
Lá está ele…
O meu mar,
O mar que um dia me
levará…
Alijó, 15/05/2023
Francisco Luís Fontinha
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