Nunca soube o teu nome
Nem porque me escondeste
na algibeira dos sonhos
Escrevíamos poemas sem
sentido
Que só as árvores do sono
percebiam
Porque do sono vinham a
nós todas as flores e todos os males da cidade.
A cidade era uma alcateia
de sombras
Eram pedras cinzentas que
depois de sepultadas na tua mão
Cresciam árvores anãs com
os lábios pincelados de encarnada insónia
Porque um filho também chora
As lágrimas negras das
palavras.
E o Tejo ali tão perto
Enquanto tínhamos dentro
do peito
Uma nuvem cravada de
pregos
Que a espingarda da
paixão disparava em nós
E morríamos dentro do
desejo.
E quando acordávamos da
morte
Tínhamos na boca os
beijos da noite anterior
E as réstias ao pescoço
Que a própria morte tinha
alicerçado em nós
Como éramos felizes à
sombra dos barcos…
E sabíamos que havia
sempre um barco que nos trazia o silêncio da noite
Como a morte nos
transportava para o caos da manhã
O rio sabia o teu nome
Mas eu nunca o soube…
Porque os filhos da
saudade não têm nome.
Alijó, 19/11/2022
Francisco
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