domingo, 6 de novembro de 2022

Menina doce mel

 Inventa-me

E adormece-me dentro de ti.

Inventa-me

Como inventas o sono,

Quando da janela virada para o mar

 

Um barco de sémen poisa no teu peito.

Inventa-me quando me desenhas

Nas paredes finas e frias do teu silêncio,

Ou quando escreves no meu sorriso

As palavras de amar.

 

Inventa-me enquanto a insónia

Dorme sobre esta pedra de saudade,

Inventa-me neste jardim esgrouviado

Onde as minhas flores

São pequenas lâminas de papel em solidão,

 

Inventa-me enquanto existe manhã

E a luz dos teus lábios

São as estrela felizes da madrugada,

Inventa-me nas tristes ruas desta cidade

Sem tardes de poesia,

 

Nas tardes de poesia.

Inventa-me menina doce mel

Nos círculos de luz com olhos verdes…

E eu te banho de palavras

Que transporto nas minhas trémulas mãos de espuma.

 

 

 

 

Alijó, 06/11/2022

Francisco Luís Fontinha

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