O último suspiro que
paira no rosto de uma criança,
A última fotografia que a
noite absorve,
O último silêncio dos
peixes em cardume,
Nas últimas palavras da
enxada do sono.
O último desejo da
tempestade,
Quando desce sobre a
aldeia o veneno,
O último poema da
saudade,
Que aprisiona todas as
palavras do inferno.
A última pedra onde se
senta,
Em frente à última
paisagem pincelada de branco,
O último adeus,
Do penúltimo cigarro.
A última pedra arremessada
sobre a escuridão,
Quando todos os pássaros
festejam,
Quando todos os pássaros
dançam…
Quando todos os homens e
mulheres… morrem.
A última oração.
A última tarde de Inverno,
Quando as flores choram,
E a chuva se despede do
sorriso de uma criança.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 15/02/2022
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