segunda-feira, 21 de outubro de 2019

As mandibulas nocturnas do silêncio


Escrevo saudade nas mandibulas nocturnas do silêncio.

Desenho o silêncio nas pálpebras da saudade.

Escrevo-te sabendo que não me vais ler mais.

Oiço a tua voz sofrida nas vidraças de Luanda.

O miúdo dos calções corria, sorria, com as tuas brincadeiras.

Levaste-me a ver o mar.

Levaste-me a ver os barcos.

Eu…

Sonhava um dia ser um dos paquetes fundeados no cacimbo.

Fazias-me papagaios em papel colorido.

Corríamos com um cordel na mão;

Ele subia, subia…

Perdendo-se nas nuvens do fim de tarde.

E hoje,

Tudo é recordação.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

21/10/2019

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