quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Palavras e ventos


Não tenham pena de mim,

Sou pobre e infeliz…

Às vezes sinto a falta dos cigarros,

Tenho-os na algibeira

Mas a preguiça é tanta…

Que não me apetece destruí-los,

Olho-os cuidadosamente,

E vejo o fumo invisível

Alojado no meu cansaço,

Não durmo

Quando sei que no meu mar imaginário navega um barco em esferovite

Ressuscitado da infância,

 

Não,

Não tenham pena de mim,

Não tenho nada…

E sou tão rico!

 

Tenho um inabitável quintal

Onde semeio palavras e ventos,

Tenho árvores onde poiso o meu corpo

Em horas de descanso,

Não tenham pena de mim

Por ser pobre e infeliz,

Tenho Oceanos desenhados nas paredes do meu quarto,

Tenho marés escritas nas mãos,

Tenho um rio sempre à minha disposição…

Porque têm pena de mim?

Quando todo o luar é meu

E vive no meu olhar…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

quarta-feira, 20 de Janeiro de 2016

Sem comentários:

Enviar um comentário