Não
tenham pena de mim,
Sou
pobre e infeliz…
Às
vezes sinto a falta dos cigarros,
Tenho-os
na algibeira
Mas
a preguiça é tanta…
Que
não me apetece destruí-los,
Olho-os
cuidadosamente,
E
vejo o fumo invisível
Alojado
no meu cansaço,
Não
durmo
Quando
sei que no meu mar imaginário navega um barco em esferovite
Ressuscitado
da infância,
Não,
Não
tenham pena de mim,
Não
tenho nada…
E
sou tão rico!
Tenho
um inabitável quintal
Onde
semeio palavras e ventos,
Tenho
árvores onde poiso o meu corpo
Em
horas de descanso,
Não
tenham pena de mim
Por
ser pobre e infeliz,
Tenho
Oceanos desenhados nas paredes do meu quarto,
Tenho
marés escritas nas mãos,
Tenho
um rio sempre à minha disposição…
Porque
têm pena de mim?
Quando
todo o luar é meu
E
vive no meu olhar…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
quarta-feira,
20 de Janeiro de 2016
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