Estes
solavancos que a vida me dá
O
transporte para o Inferno
O
apeadeiro do desejo
Desgovernado
rio abaixo
A
cidade dos mortos
Recheada
de desenhos
E
palavras
Gastas…
A
primeira alvorada
O
último comboio para a solidão
Quase
de partida
Como
um foguetão
Quase
de se esconder
Como
o amor
O
dia ameno
Sereno
Como
uma criança sombreada pelos esqueletos da selva
A
montanha
A
diáfana agonia encostada à janela da Sala de Jantar
E
eu sentado na tua sombra
Puxo
de um cigarro suicidado pelo cansaço
E
ignoro-o como se ele fosse o mal dos meus pecados…
Como
se eu tivesse pecados
Originais
livros
E
plantas num rés-do-chão manhoso
Daqueles
que ao acordar se percebe que o dia é uma canseira
Uma
tristeza
Sobre
a mesa
Ao
cair do dia
Na
aldeia
Sofro
Muito
Sofro
o suficiente sofrido das gaivotas em flor
Os
jardins suspensos na noite embriagada
O
dono da esplanada
“vamos
embora seus cabrões”
E
fomos
Tristes
Tristes
Por
percebermos que éramos cabrões de primeira classe…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
quarta-feira,
30 de Dezembro de 2015
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