Atravesso
esta cidade de olhos vendados,
Apenas
tenho tempo para desenhar o cheiro das flores
E
dos beijos que vagueiam nos jardins da infância,
Não
tenho medo da noite
Nem
das estrelas que brincam no meu cabelo…
Sinto
as carruagens enferrujadas de um comboio descendo a Avenida,
Sentam-se
junto a mim…
Puxamos
de um cigarro,
E
acreditamos no regresso das sanzalas
E
dos musseques em finas placas de zinco,
Depois,
depois vem o silêncio disfarçado de luar,
Não
fuma, não bebe…
Apenas
escreve nos nossos corpos…
Saudade,
E
depois a saudade escrita
Transforma-se
em homem,
Corre,
brinca e sofre…
Até
que a cidade dispara sobre ele uma bala envenenada…
E
morre.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira,
28 de Setembro de 2015
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