segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A esfera da saudade


Palavras para o amor

Que ama as palavras,

Os beijos incendiados nos lábios das estátuas,

Os cabelos dançando no jardim coberto de espuma,

Os bancos em madeira sentados sobre os meus joelhos,

E ao longe, o silêncio do desejo construindo lágrimas de algodão…

Sinto nas minhas veias a esfera da saudade

Caminhando sobre uma lâmina de cartão,

É tão triste esta cidade,

É tão triste a solidão,

Palavras para o amor

Que ama as palavras,

As belas, as belas e todas as outras… belas,

São palavras,

São elas que me alimentam e iluminam quando regressa a noite do teu olhar,

São elas que me abraçam quando o vento bate no meu peito…

Alicerçam-se a mim,

E eu, e eu fico sem jeito,

Só, só neste jardim,

Eu, os bancos em madeira e as estátuas de alecrim…

E no final da tarde tudo é embrulhado no mar,

Zarpamos em direcção ao infinito,

Bebemos copos de sofrimento

Para não enjoarmos…

E esta ondulação enlouquece-me,

E faz deste barco uma jangada de tédio…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 24 de Agosto de 2015

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