Tenho
asas nas pálpebras
Sou
o solitário viajante das noites infinitas
Oiço
a madrugada embrulhada em pedaços de lágrimas
E
das palavras que incessantemente te escrevi
Já
não preciso delas
Nem
dos livros
Fotografias
Nada
assim
Tenho
nas mãos os secretos beijos dos teus lábios
Tenho
no olhar a tua boca sonolenta
Em
queda livre
Em
direcção à cidade
Finjo
que amanhã será um novo dia
Estará
sol
E
vão nascer nos teus braços tristes cordas de nylon
Transformar-te-ás
num barco de papel
Sem
bandeira
Comandante…
Nem
precisarás de marinheiros
Ou
vento para desceres a montanha da saudade
Imagino-te
voando como as gaivotas sobre o Tejo
Sentava-me
e fumava cigarros doentios
Depois
escrevia num caderno o número de petroleiros contra o desassossego
Traziam
a dor
E
os movimentos pendulares do sonho
Tenho
nas pálpebras
As
asas
Que
a madrugada há-de afogar nos Oceanos
Que
a manhã há-de levar na algibeira
Para
a outra margem
Fotografias
Em
queda livre
Livre…
Como
o luar dos amanheceres em vidro
Fusco
Cortinados
abandonados numa janela sem sorriso
Fusco
Finjo…
Que
tenho asas nas pálpebras.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira,
29 de Julho de 2015
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