terça-feira, 9 de junho de 2015

Manhã invisível


Não sei meu amor

Os dias

As horas

Segundos

De nada

Ausente

De ti

Quando a geada adormece no teu peito

Sacio as minhas mãos no teu corpo

Caem as folhas em papel do teu olhar

Sinto-me tão pequenino

Meu amor

Minúsculo

As veias

Os braços

Lábios teus de serpente envenenada

Envenenado dia

Amavas-me e eu não sabia

Hoje

Sei mas imagino que não o sei

Escrevo-te sem saber se existes

Não existes

Ou és como eu…

Nem existo nem existo

Aos olhos dos morcegos

A morte

Entranha-se em ti

Como a paixão derramou em mim um rio recheado de Cacilheiros

Putas

E drogados…

Hipnotizavas-me como se eu fosse um espelho em delírio dançando num quarto de vidro

Morro

Morro nos teus seios de veleiro de sono

Vagueando de porto em porto

De cidade em cidade

De equação em equação…

De equação em paixão

Cansei-me dos pássaros junto ao tejo

Cansei-me dos soldados de esperma descendo a calçada do adeus

E a cidade

Leva-me para a manhã invisível.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 9 de Junho de 2015

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