quinta-feira, 2 de abril de 2015

Diário de hoje


Sem sentido

Os alfinetes da solidão

Espetados nas esplanadas dos enforcados

A vida

Um barco

Sem amarras

Dormir na cidade

Quando as ruas pertencem à madrugada

As palavras

Viagens

Regressar

Não regressarei

 

Nunca

Os corpos à poeira

Do adeus

Sem sentido

As mulheres que me abraçaram

E hoje

Sombras

Sémen de prata

Semeado no destino

Escrevo-lhe

E

Meu amor

 

Não acredito nos adormecidos continentes

Na chuva

A neve

Sobre a mesa

Rompendo as narinas camufladas na insónia

O pó

Branco

Sem estória

Ou regressar

Nunca

Mais

Vou desenhar o teu olhar de sentinela de papel

 

Na cama escrevíamos poemas no corpo

As mãos

Húmidas

Percorriam os livros de “Lobo Antunes”

Perdi-me

Regressarei?

Sem saber que amanhã

Às oito horas e trinta minutos

Tu

Meu amor

As sentinelas

Letras

 

Voando

Como os apaixonados casebres de nata

Extingue-se a luz dos milagres

Eu não acredito

Na tua língua

O casaco

E a algibeira

Pigmentos soníferos dos corações do sono

O casaco

E a algibeira

O amor

No amor

 

Letras

As avenidas

Os homens de negro

Os pássaros

As mulheres mais belas do meu cansaço

(Passou-se… oiço-os)

Mas esta vida é uma “merda”

Comestível pelas circunferências dos anzóis de Níquel…

Silencio-me

Cerro os olhos

A partida

Dois abraços e um beijo.

 

Beijo

Beijo

Beijo

Beijo

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 2 de Abril de 15

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