sexta-feira, 27 de março de 2015

Adormecido nas ostras marés da serpente de prata, para o inferno…
E,
Não, filho!
A guerra foi perder tempo, corpos, estórias e memórias, o meu melhor amigo
Morto!
O caixão entre quatro tábuas de sofrimento, a algazarra da embriaguez ouvia-se nos poemas em círculo, a fogueira incendiava a paixão,
Dispo-me?
Não, filho!
Promessas,
Dispo-me, olho-me no espelho do enterro, ele
Não,
Ele de espingarda ao ombro, imaginava-se um soldado de chocolate, sentia dentro do seu peito cada disparo, cada dor, cada…
Fugiu!
Ontem, ao final da tarde, a viagem até ao ninho das cegonhas negras, descia a noite sobre o capim dos beijos analógicos,
Na parede,
Fugiu…
Os ponteiros mergulhados numa poça de sangue, a lápide esperava-o na aldeia, o meu pai
Coitado,
Sentado numa cadeira a vender seguros de vida, falsos, claro
O telegrama,
Morto em combate,
Claro, amanhecia e ele sentia-se um peixe perdido nos fósforos do desejo, e a morte mesmo ao seu lado…
 
 
(ficção)
Francisco Luís Fontinha -  Alijó
Sexta-feira, 27 de Março de 2015


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