(desenho de
Francisco Luís Fontinha - Alijó)
Não tenho tempo
para amar...
como se para amar
fosse necessário tempo,
ser amado,
pertencer ao vulcão
das tempestades,
não sentir
sentindo...
o desejo das
palavras,
o significado das
cidades de gelo,
não tenho tempo
para ser amado...
o amor é um rochedo
construído de velhos farrapos e alguns pedaços de aço,
o amor são
esqueletos de papel...
no coração de uma
mulher,
não tenho tempo
para amar...
como se para amar
fosse necessário tempo,
ser amado,
os sítios proibidos
dos rios do teu ventre,
o medo de amar-te...
quando eu sou apenas
uma imagem,
tão velha... tão
velha como os candeeiros das ruelas viciadas,
tão velha... como
as ruas da minha infância,
o triciclo em queda
livre,
a sombra das
mangueiras poisadas no meu sexo...
e eu, e eu sem tempo
para amar...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 28 de
Dezembro de 2014
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