foto de: A&M ART
and Photos
|
Quem és, pergaminho
abandonado no meu corpo?
Enrolas-te em mim
disfarçado de cobra, alicerças-te aos meus frágeis braços,
e,
navegas no meu
ventre como uma caravela sem destino...
entranhas-te em mim
e dizes-me que o teu nome é Primavera...
Primavera... finjo
nem perceber,
cerro os olhos e
sinto as tuas mãos de desejo laminado nos meus seios,
pergunto-te
porquê... pergunto-te porquê eu, pergaminho de olhos verdes?
E a cada momento meu
o teu corpo descongela,
ficamos apenas uma
finíssima pedra de amor...
descendo a montanha
da paixão,
Quem és?
Eterno nocturno com
sabor a escuridão,
marinheiro perfumado
que te enfaixas nas minhas coxas de areia,
e sinto... e sinto
os meus gemidos no espelho dos teus olhos,
Ai... meu querido
amor!
A paciência minha
depois dos teus gritos de prazer,
depois de
adormecerem as gaivotas no Tejo,
e tu,
tu sais de mim,
e tu...
e tu desapareces na
neblina que engole a escadaria do prédio onde habitamos,
foges,
sem destino,
e eu, e eu como uma
folha amarrotada nos dedos de um cinzeiro de prata,
Quem és, pergaminho
abandonado no meu corpo?
Que oiço os teus
cabelos no peitoril enquanto saboreias o teu último cigarro,
que oiço o bater do
teu coração enquanto poisas a tua cabeça no meu peito...
e pareces-me uma rua
sem janelas numa cidade sem telhado,
uma casa sem
varanda,
uma casa... uma casa
enfeitada com sombras e pássaros,
uma casa como tu,
uma casa onde me
abraças e me dou conta que apenas te pertenço...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Terça-feira, 20 de
Maio de 2014
Sem comentários:
Enviar um comentário