Tínhamos dentro de
nós
uma finíssima
película de espuma
éramos dois
espantalhos semeados no centro do trigo
sentados
olhávamos o
espigueiro da preguiça
cansado
ao sol
deitado entre as
ripas da solidão,
Tínhamos um punhado
de desejo
e sentíamos as
faces do vento nas nossas mãos de esmeralda
os diamantes
iluminavam os teus olhos de sereia madrugada,
Tão louca
a noite
quando adormece no
teu ventre,
Colocava os meus
dedos nos teus cabelos
voavam como um
colorido papagaio em papel doirado
ouvíamos as
lágrimas do rio
que depois do
luar... acorrentava barcos e marinheiros famintos
e tínhamos
e sentíamos...
o quê?
beijos transversais
nas vidraças do poema,
Tínhamos...
… e era tão louca
a manhã antes de
acordar.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 19 de
Maio de 2014
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