sábado, 31 de maio de 2014

O poeta dos rochedos anónimos


Este poeta que vive no meu corpo,
este poeta que escreve nos meus seios, acaricia-me nos sonhos com tentáculos de insónia,
sussurra-me ao ouvido melodias intemporais, desenha em mim os silêncios da noite,
embriaga-se no meu corpo, e escreve, e sonha, e deseja-me...

Nunca fui desejada!

Olhava-me no espelho e via uma sombra gélida, com olhar de geada adormecida,
tinha nos meus braços o teu sorriso,
a tua boca,

Nunca fui penetrada!

Este poeta que vive no meu corpo,
habita num cubículo de areia,
chora,
e grita,
sorri, às vezes, não sorri... quando tem na mão a caneta da poesia,
veste-se de gaivota e poisa nos mastros mais secretos do rio da revolta,
chora,
e grita,
grita em mim as garras da paixão,
sou eu, sou eu... meu amor!
Seu eu que te ama,
sou eu... o poeta sem gravata, o poeta apaixonado, o poeta dos rochedos anónimos.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 31 de Maio de 2014

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