foto de: A&M ART and Photos
|
eu sabia que não voltava a ouvir o som
estaladiço das tuas mãos sobre o meu peito
percebi quando se extinguiram todas as
lâmpadas do silêncio que existiam debaixo da ponte dos sofrimentos
havia dor
havia dor masturbada na simplicidade da
doença
havia morte que se entranhava nos ossos
ocos da solidão
eu sabia
eu sabia que não voltava a sentir os
teus mergulhados dedos nos meus amargurados lábios
e dos meus olhos
lágrimas
gotículas de suor que se desprenderam
do icebergue da desgraça
o tecto de colmo
ruiu
como o teu corpo sobre uma cama de
ferro em cinzento leito
havia beijos
havia cinzeiros de nicotina esperando o
regresso da madrugada
eu sabia
eu percebia...
que nunca mais regressava
que era impossível acreditar nos
límpidos anzóis de naftalina
eu dormia
eu fingia que dormia
mas não dormia
porque era impossível adormecer
embrulhado a um cadáver de pano...
o cigano Moisés implantado sobre os
colchões de areia das tempestades de xisto
e eu
e o tecto de colmo...
no pavimento térreo... esperando que
te levantasses
esperando...
esperando que acordasses das malignas
manhãs de poesia
mil beijos
um
apenas... um abraço... para te
aconchegar antes de partires...
escreveste as últimas palavras
escritas das vozes roucas da partida
e eu sabia
que... não voltava a ouvir o som
estaladiço das tuas mãos sobre o meu peito...
e... mil beijos depois... acordaste
para mim.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 3 de Dezembro de2013
Sem comentários:
Enviar um comentário