foto de: A&M ART and Photos
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voas como sábios preguiçosos
dormes como dormem as estrelas da
paixão
voas sobre as lápides de chocolate
como palavras perdidas no jardim dos
bosques sem luar...
sei que que me ouves depois de todas as
janelas se esconderem nos alicerces do amor
sei que de mim nada pertence aos
arbustos de Belém
voas como sandálias nas praias de
Luanda
pedíamos um beijo
e ofereciam-nos mangas com paisagens
imaginárias
invisíveis
tristes às vezes
como o eram as tuas mãos que poisavam
no meu rosto
voas em mim sem o saberes
que eu te pertenço
que eu... te amo
voas sobre as fotografias tuas
em pedaços de papel pregados nas
frestas da dor
(voas como sábios preguiçosos
dormes como dormem as estrelas da
paixão
voas sobre as lápides de chocolate)
voas como suspiros envenenados pelos
orgasmos do pólen em decomposição
voas como um cadáver suspenso no
cordel de um papagaio de papel
voas como voava a criança que brincava
debaixo das bananeiras...
rodopiavam as rodas do velho triciclo
no cimento nocturno dos mabecos em flor
e sorrias
e sentias
o vento das asas que hoje habitam em ti
voas
voas como um sobrevivente sábio
preguiçoso
que tem medo das ruas com vidros de
prata
que... tem medo da vida
a vida em telhado chapa...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 24 de Novembro de 2013
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