foto de: A&M ART and Photos
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o frio gelatinoso dos teus ossos de
prata
quando se engrenavam no meu cansado
esqueleto de lata
mórbido papel onde jaziam as alegres
palavras da madrugada
tínhamos na mão o peso desmesurado da
geada clandestina
que o relógio de pulso escrevia na
alvorada
as sílabas envergonhadas da musa
menina
o frio entranhava-se nos oleosos
cobertores de menta
e havia sobre a mesa-de-cabeceira um
livro cadáver com sabor a pimenta
a madrugada das palavras congelava como
congelam as hélices dos cucos de porcelana...
havia mendigos à procura de uma cama
e tu desproporcionada
envergonhavas as gotículas suicidadas
que a tarde construía nos lençóis de
pura virgem lã... doces línguas de desejo
(o frio gelatinoso das engasgadas bocas
com flores de lábios charlatães
fundiam como chumbo no cacifo do
corredor antes de acordar o pôr-do-sol)
o frio gelatinoso das mãos diurnas
aquecem os dedos da palavra apaixonada
vagabundas pernas de aço descendo as
calçadas
e no entanto... tínhamos um piano em
sexo embrulhado no silêncio beijo
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 20 de Novembro de 2013
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