sábado, 9 de novembro de 2013

abstractos objectos dentro do meu peito

foto de: A&M ART and Photos

em todas as coisas belas fui mestre das tempestades de zinco que habitavam a cidade do nada
adormeci debaixo das sombras pedestres dos castanheiros
vivi em vãos de escada
sorri
e chorei
em todas as coisas belas...
me senti embebido nas lâminas de azoto que vagueavam os alicerces dos muros invisíveis
e descobri que o amor
e descobri que a noite
sorri
e chorei
são abstractos objectos dentro do meu peito

pinto desejos nas nuvens de algodão que descem as paredes do Inverno
olho-me no espelho do rio
sinto-te em mim apaixonada por palavras minhas
servem apenas os espantalhos de pano
como as ervas daninhas dos campos de milho de Carvalhais...
abraçadas aos espigueiros da saudade

dizem que sou esquisito
que tenho mau feitio
que sou
como o amor
e a noite
objecto abstracto
sem sorrisos
sem âncoras de aço fundeadas no cais das tempestades de zinco
dizem que sou parvo
dizem que sou... esquisito e de mau feitio...
sorri e chorei
são abstractos objectos dentro do meu peito


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 9 de Novembro de 2013

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