foto de: A&M ART and Photos
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(detesto rosas
porque picam
porque podem ser em papel
e ardem)
detesto as madrugadas envenenadas pelos
teus beijos vestidos de mendigo
quando poisam sobre o tabuleiro do
pequeno-almoço
e na mesa-de-cabeceira espera por ti
uma fina e tímida folha
com a débil despedida
abro a janela e começo a voar em
direcção ao vazio
percebendo que em ti
e de ti
as palavras são como pedaços de
cigarro semeados no cemitério do medo
e há paixão no teu corpo
uma lareira de desejo percorrendo as
minhas mãos de areia húmida
como dizem que às gaivotas aparecem
durante a noite vómitos de sobejadas paixões
em cansaços de amêndoa
(detesto rosas
porque picam
porque podem ser em papel
e ardem)
ardem as rosas
e o corpo das rosas
ardem os filhos das rosas
e os filhos do corpo das rosas
ardem os poemas
e as canetas de tinta permanente...
ardem...
como limalha de aço suspensa nos teus
lábios
beijar-te sabendo que és um corpo
vulnerável
incendiável
um corpo... volátil como a minha voz
quando sinto a tua presença
… assim... como o teu... como as
sílabas decalcadas nos seios do amanhecer...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 30 de Agosto de 2013
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