foto de: A&M ART and Photos
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Não me fazes sentido
ouvir-te mergulhada em palavras não
ditas
quando o divã das tardes perdidas
navega na seara da insónia
ouvir-te ou não ouvir-te... voando
como cigarras debaixo das nuvens cinzentas
não me fazes sentido
porque os livros morrem nas encostas
dos teus olhos navegáveis,
Os barcos tuas mãos com velas em
desejo
descendo cuidadosamente os trilhos da
calçada Portuguesa... o cais
e as distintas amarras que o nylon
transforma em pedaços de aço
em beijos
os barcos salgados das páginas
amarrotadas tua pele...
folheio-as e preciso de ancorar no teus
seios com janelas para o mar,
Não me fazes recordar as montanhas
cobertas de neve
não vejo os navios das tuas pálpebras
brincando nas areias brancas
que as tuas coxas escondiam como
serpentes embalsamadas...
não
não o quero porque sou um peixe
invisível com asas de perdão
e carapaça escorregadia à deriva
sobre os teus cabelos de vento...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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