foto: A&M ART and Photos
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Talvez um dia percebas porque dançam
as minhas lágrimas
e navegam nos meus débeis braços os
barcos de vidro martelado
talvez um dia entendas as personagens
de mim
que são de ninguém
como sombras bailando debaixo da chuva
assim
como palavras entre linhas de um
caderno negro
e os carris da saudade em direcção à
minha caneta de tinta permanente
Talvez um dia o mar seja o nosso
reencontro no mergulho do desespero abandono
que todo o pôr-do-sol sofre antes do
cair a noite
e acordem milhões de parvas estrelas
que não falam
não escrevem
talvez um dia venhas a perceber quem
sou eu
do que padece o meu empobrecido
esqueleto
como um texto com duzentos e seis
caracteres
Talvez... as minhas lágrimas
e navegam nos meus débeis braços os
barcos de vidro martelado
que dos pomares de areia com sabor a
amêndoa
do outro lado da janela
um menino embalsamado brinca com um
parvo boneco
de nome chapelhudo
e talvez um dia um dia acordem as
neblinas imagens de ontem
com as perfumadas sílabas de hoje...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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