foto: A&M ART and Photos
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Voávamos entre as gaivotas assassinas
que todos os finais de tarde
acordavam
voávamos como livres pensadores
sentados debaixo de um qualquer plátano
que o tempo esqueceu em nós,
Havia um mar desenhado nas rochas que
brincavam no teu peito cerâmico
e os barcos nossos que laçamos em
viagens circulares
ouvíamos-los pacientemente chegando ao
pôr-do-sol
que do teu corpo
aconchegava a maré dos vértices de
luz,
Voávamos entre... assassinas
que das tuas mãos se erguiam quando
encerravam o sol numa caixa de vidro
e os lábios oiro que construíam
sorrisos nas margens do rio
voavam como nós
voávamos sobre as lápides como
crânios selvagens vivendo na montanha dos lápis de cor,
Sem percebermos que éramos sibilantes
palhaços de pedra
procurando as nuvens inventadas pelas
loucas tardes tuas
que o prazer acorrentava nos teus finos
braços de crisântemo envelhecido
voávamos
voávamos às viagens de cartão em
redor de um pilar de areia,
Voávamos de mão dada entre gaivotas
assassinas
e noites de literatura
esquecíamos as tardes de poesia e
subíamos as escadas em caracol
que nos levavam até ao telhado
silêncio da cidade das algas tuas coxas
e ficávamos... assim... como hoje... à
espera que terminasse o dia.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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