foto: A&M ART and Photos
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É quase meia-noite em ti
e as luzes de murmúrio da tua pele ao
silêncio
fundem-se e mergulham como manchas de
óleo nas mãos do homem apaixonado
que Deus enviou para te proteger
e amar,
Dizes-me que és o mar
e que és a dona de todos os sorrisos
e marés
como se eu acreditasse que as nuvens
sobre o teu cabelo
fossem pequenas palavras sem
significado,
Textos indefinidos dentro da sombra da
melancolia
personagens embrulhadas no medo da
noite
quando abres a janela do destino
e lá fora
chovem as migalhas de suor que o bronze
se alicerçou em ti,
Ontem sabia que eras tu
que procuravas as saliências dos
pinheiros cobertos pelas andorinhas
que a Primavera transporta até ao adro
da Igreja
e mesmo assim ouvia-te gemer entre os
pilares de areia
que sustentavam os lábios das rosas
brancas,
(havia entre nós um jardim tardíssimo
nos horários clandestinos)
Havia um cheiro estranho como se fossem
palavras mortas
ou papel em decomposição
e quase meia-noite depois pergunto-me
se a tua pele de silêncio entre
madrugadas e candeias de solidão... adormeceu ou simplesmente
desapareceu entre as mandíbulas do tempo sem barcos de brincar...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Barcos de Brincar
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