sábado, 13 de abril de 2013

Barcos de Brincar

foto: A&M ART and Photos
É quase meia-noite em ti
e as luzes de murmúrio da tua pele ao silêncio
fundem-se e mergulham como manchas de óleo nas mãos do homem apaixonado
que Deus enviou para te proteger
e amar,

Dizes-me que és o mar
e que és a dona de todos os sorrisos
e marés
como se eu acreditasse que as nuvens sobre o teu cabelo
fossem pequenas palavras sem significado,

Textos indefinidos dentro da sombra da melancolia
personagens embrulhadas no medo da noite
quando abres a janela do destino
e lá fora
chovem as migalhas de suor que o bronze se alicerçou em ti,

Ontem sabia que eras tu
que procuravas as saliências dos pinheiros cobertos pelas andorinhas
que a Primavera transporta até ao adro da Igreja
e mesmo assim ouvia-te gemer entre os pilares de areia
que sustentavam os lábios das rosas brancas,

(havia entre nós um jardim tardíssimo nos horários clandestinos)

Havia um cheiro estranho como se fossem palavras mortas
ou papel em decomposição
e quase meia-noite depois pergunto-me
se a tua pele de silêncio entre madrugadas e candeias de solidão... adormeceu ou simplesmente desapareceu entre as mandíbulas do tempo sem barcos de brincar...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Barcos de Brincar

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