Desenho-te vezes sem conta
nos lençóis obscuros de púrpura
neblina
quando do cais dos teus seios de
infância
há barcos em silêncio
e ondas invisíveis no sorriso da tua
pele ornamentada,
Finjo que nunca te amei
como acredito que as árvores têm
palavras amigas
quando encosto o meu ouvido ao tronco
sólido sentindo o desejo
e a mágoa desajeitada das sílabas sem
papel nem tinta permanente
quando regressas a casa e finges que eu
não existo,
Não me importo
como nunca me importei
com o dinheiro
riqueza
casas com piscina,
Nada me faz feliz
a não ser
desenhar-te incessantemente nos lençóis
obscuros de púrpura neblina
quando do cais dos teus seios de
infância
há barcos em silêncio,
Há casas desabitadas
com telhados de vidro
há flores de cartolina com pincéis de
lábios de ti menina
menina dos sonhos de oiro
quando regressa a noite,
E finges que sou um livro sobre uma
mesa-de-cabeceira
louca como todas as mesas-de-cabeceira
trôpega como todos dos guarda-fato com
espelhos convexos
e dentes perplexos
como as bocas das cansadas madrugadas
de areia...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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