Laços olhos
simplesmente partilhados
entre maços de palavras
e de vidro telhados
vêm as marés às manhãs teus lábios
nos cansados pães de açúcar
entra o mar pela porta secreta do homem
vestido de negro
com um cinto de prata
e preso na boca
um cigarro de lata
como as letras das indesejadas equações
do silêncio
porque o teu coração
espera a minha mão disfarçada de
jangada
atravessas o rio
e em nada
a minha madrugada
cinco palavras escritas numa parede
à tua espera
como as cigarras noites de Primavera
como as poucas viagens das drageias de
solidão
do outro lado da rua
um comboio vestido de paixão
com um ramo de flores e uma triste
pétala nua
que os carris comem os sorrisos da lua
e brincam às palavras cegas
jogam à macaca
com riscos de seda no pavimento de
cimento
parecem pássaros de heroína
na algibeira do vento
sem hora de regressar...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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