Roubo às palavras ditas
palavras escritas,
a melancolia
quando acordo não
percebendo que acordei
e tropeço nas areias
húmidas das rochas incendiárias
e não sei que o dia
compreendia
a enormíssima porcaria
de fato e gravata
que é o doutorado diabo
em silêncios mergulhado
torturado por uma velha
de mãos efémeras em cio
com um sorriso na veia
maldita mulher que o
vento semeia
nas coxas exaustas das
tempestades de areia,
Roubo às palavras ditas
palavras escritas,
e eu sabia
que um dia
me fodia
acreditando nas palavras
desertas
hirtas e difusas
e eu sabia
que um dia
um velho dia
ele vinha
me pegava
e me levava
até aos confins olhos
das amêndoas que jazem nas cinzentas lajes do oceano,
Roubo às palavras ditas
palavras escritas,
e sento-me sobre as
nádegas do amor
sou feliz
talvez
um pouco
muitas vezes dentro de um
prato de sopa
a tua simples madrugada
em gaivotas voadoras
loucas
que a tua boca de papel
amarrotado
dissimila
e deita-se nas celestes
luzes das cidades de vidro
a dita palavra escrita
dita roubada em quatro segundos de voz,
P.S.
Roubo às palavras ditas
palavras escritas.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Alijó
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