Dezembro como tu
à procura do mar tranquilo que
embrulha a cidade e o rio
Dezembro num finíssimo esqueleto de
frio
como eu ou como tu
que somos duas luzes de néon
saciadas pelas palavras da cidade
Dezembro
Dezembro no teu ventre anunciado,
húmido
farto das barcaças sem destino
cansado
ele
eu
ele e eu semeados na brancura
espuma
que o vento dissimila nas árvores
clandestinas do prazer,
Dezembro como tu
míngua esplanada do silêncio
sílabas tontas nas palavras
embriagadas
Dezembro
ele
eu
ele e eu e tu
duas luzes de néon e uma noite à
janela dos velhos trapos de xisto,
desisto
insisto
Dezembro como tu
saciando melancolicamente as tuas
nádegas de inverno
Dezembro
não me lembro
recordo e não regresso
aos desejos fúteis do carrossel de aço
com palhaços de gesso,
eu
ele
tu
Dezembro com eu
eu que não mereço
esqueço
a paixão das belas carnívoras mãos
que habitam como tu
em Dezembro.
(poema não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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