quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Regresso sem regressar



Um dia vou regressar
À terra da saudade,
Vou levar,
Na mão,
Um pergaminho de verdade,
Um dia vou regressar
Aos versos da tua canção…
Aos barcos em papel,
E aos papagaios em flor,
Um dia, meu amor,
Um dia vou regressar
À terra queimada
E húmida da madrugada,
Um dia vou regressar
Às marés de encantar
E às palmeiras de amar…
Um dia, meu amor,
Um dia vou regressar
Para nunca mais voltar.


Francisco Luís Fontinha
12/01/17

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A palavra que mente



Tanto faz,
A alegria de morrer
Ou a tristeza de viver,
Tanto faz,
A alegria de escrever
Ou a tristeza de ler…
… o que escrevi sem o querer,
Tanto faz,
Hoje, este corpo de sofrer,
Ausente
Das lápides que a mão não sente…
As palavras do ser,
À palavra que mente.


Francisco Luís Fontinha
11/01/17

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Desalinhadamente só


O sentido proibido da vida

no sonâmbulo silêncio da agonia

a cidade evapora-se na solidão nocturna do sofrimento

como uma lamparina acesa

esquecida junto ao mar

o corpo levita

o corpo exerce o seu esplendor no sexo lunar da Via Láctea

e eu sinto o regresso da dor

misturada com as amêndoas

e todas as rochas da madrugada

habito neste cubículo ensanguentado de ferrugem

que abraça os meus ossos pergaminhos

os famintos dias

nas famintas tristezas

pergunto onde está neste momento a alegria

o sorriso que iluminava o meu viver

sem saber

sem perceber…

os candeeiros do desejo

acredito nos horários primos e primas das constelações incendiadas pelo orgasmo…

e nada é mais complexo do que a vida

em sentido proibido

como a minha.

 

Desalinhadamente só.

 

 

Francisco Luís Fontinha

02/01/17