sábado, 5 de novembro de 2016

Este medo que me vai matar


Do silêncio do sono

as amoras silvestres do destino,

do silêncio menino

as pálpebras quebradas da solidão

que só o sofrimento alimenta

em noites de traquinice…

a velhice,

enfeitada de clarão,

descendo a calçada cinzenta

que vive na cidade sem tino…

sentindo a voz que alenta

os cigarros da escuridão.

 

 

Francisco Luís Fontinha

sábado, 5 de Novembro de 2016

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Alvorada


Odeio a alvorada

em descidas bruscas

quando oiço no longínquo amanhecer

o cantar dos pássaros,

regressa o silêncio,

ergue-se a morte do esconderijo da montanha

sem que tu percebas o significado de envelhecer…

odeio a alvorada

no meu pulso transversal

escrito no quadriculado papel da ausência,

e da loucura do teu olhar

que também odeio

aparecem as imagens prateadas do sono…

odeio a alvorada

em descidas bruscas

no alpendre tua solidão,

a seara arde,

a centeio aconchega-se no teu colo

como uma criança perdida,

desorientada

e triste,

odeio,

odeio a alvorada

que traveste o teu sorriso de grinalda

quando lá fora chove torrencialmente,

a as lágrimas são pedacinhos de sombra

galgando o areal,

odeio a alvorada

em descidas bruscas

quando oiço no longínquo amanhecer

a pobreza de viver,

e não sentindo…

sentir o sofrer.

 

 

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 1 de Novembro de 2016

sábado, 29 de outubro de 2016

Sentindo o décimo sexto livro da paixão e da morte


A locomotiva da paixão

entre curvas e montanhas agrestes

há um apito na minha mão

um som esquisito e confuso

nas despenteadas tuas ventes

o fuso

sangrento do destino

quando galga o muro em xisto

o meu querido menino…

desisto

assisto…

impávido ao descer da madrugada

existo

pensando ser este o meu desatino

nas vozes á desgarrada

sem tino

o meu corpo ensanguentado

nas planícies do amor solidificado

meu olhar desapontado

do casebre abandonado.

 

 

Francisco Luís Fontinha

sábado, 29 de Outubro de 2016