segunda-feira, 25 de abril de 2016

Não regresso


Uma bala de saudade atravessa o meu peito.

A espingarda da liberdade

Poisada sobre a ferrugem ténue da madrugada,

As palavras escrevem-se numa branca parede

De ardósia invisível,

Longínqua como a esperança de regressar…

 

 

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 25 de Abril de 2016

domingo, 24 de abril de 2016

O miserável


Sou um miserável.

Não tenho mulher com quem conversar,

Filhos para brincar…

Apenas livros, muitos, hoje recordei pela última vez o teu rosto,

Estas linda, como sempre,

Felicitavas-te com o miserável que sou eu,

Acredita, meu amor,

Queria ser uma abelha,

Livre,

Voar sobre os canaviais do desejo,

Como um miserável magoado pelo tempo,

Estou velho, só, apenas com alguns muitos livros…

Onde está a saudade?

O limiar da ausência,

As finas cortinas do amanhecer voando nos teus lábios.

Sou um miserável,

Não tenho mulher com quem conversar,

Apenas livros, mortos, esqueletos de sangue…

Eu morreria,

Na tua mão.

 

Francisco Luís Fontinha

domingo, 24 de Abril de 2016