sábado, 22 de setembro de 2012

Nas flores do amor


Divago como um louco
nas flores do amor
do amor pouco
às flores com dor,

apaixonadamente
o amor que a lua engole nas noites de escuridão
divago como um louco
pouco
os suspiros do meu coração
nas ruas abandonadas e sem gente,

até acordar a cidade
abraçada ao rio da despedida,

divago como um louco
nas flores do amor
divago numa rua sem saída
com janelas de claridade,

e o louco
coitado
pouco
abandonado
divago
nas flores do amor
ao mar da saudade
e sinto as luzes dentro dos versos sem vaidade...

(poema não revisto)

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Carta de amor sem remetente


Não consigo escrever amo-te nos teus olhos
tenho medo de sussurrar-te ao ouvido a palavra desejo-te
e timidamente
timidamente escrevo nos meus lábios
a palavra quero-te,

hesito
e construo no silêncio do mar
a carta de amor sem remetente,

hesito
quando a lareira da noite cresce loucamente
e das tuas mãos oiço o vaguear das sílabas de amar,

e nas tuas mãos...
eu não consigo escrever a simplicidade das palavras
e sou covardemente agredido pelas flores
e não sou capaz
hesito
de escrever nos teus olhos... Amo-te.

(poema não revisto)

A maré dos prazeres


Há uma estrada de sentido único
que se alicerçou no meu quintal e cresceu e cresceu
cresceu tanto
cresceu até ao céu
e hoje
e hoje vive nos lábios da lua
e ao meio-dia
beija loucamente a estrela polar

há uma estrada de sentido único
com vista para o mar
quando os barcos rompem o salgado desejo da tua pele
em pedacinhos de amêndoa

(dizes que sou louco)

quando escrevo palavras no teu corpo de papel
pintado com sorrisos de sol
e pingos de neblina
antes de acordar o dia

quando escrevo as parvoíces na copa das árvores
e os pássaros das tuas tardes abraçada às oliveiras traquinas
suspensos nas cabras e nas ovelhas
coitadinhas

(dizes que sou louco)

coitadinhas das minhas palavras
quando o papel da tua pele
arde
transpira
evapora-se no meu sexo em cadências extintas na maré dos prazeres...

(poema não revisto)