sábado, 3 de agosto de 2024

São os momentos

São os olhares

São as flores

E são os mares

 

São os silêncios, que são beijos apaixonados

São as estrelas

São milhares de cores

São corpos cansados

São amores

 

E também são doutores

São jardins em porcelana, porcelana pura e finíssima

São orações pela madrugada

Também são luar

Também são nada

 

São os momentos

São os olhares

São as flores

E são os mares

 

São as algas dos teus mamilos

São os soldados em deserção

Também são

Espingardas de sono navegar

Que disparam contra o mar

O sorriso da tua mão

Podíamos ser o sol a esconder-se no mar,

Podíamos ser o mar,

Que não sabe o que é amar,

Que não saber o que é

Esconder-se no mar.

Lágrimas

Desenho o teu doce olhar

Quando acorda a primeira lágrima da manhã,

E depois da noite se deitar,

Ensonada,

Vêm a mim as palavras de escrever,

E as estrelas de desejar,

 

Transportas nesse doce olhar,

Lágrimas,

Às vezes,

Tristeza,

 

Desenho o teu doce olhar

Nas lágrimas que escondo na insónia,

Sento-me, às vezes, numa pedra cinzenta,

Triste,

Que lamenta…

As lágrimas do teu doce olhar.


quarta-feira, 31 de julho de 2024


 

gira,

balança-se em mim, o teu corpo

entre os meus dedos, os teus seios são estrelas, as tuas mãos em mim, semeando o desejo sobre a minha pele poética,

e branca,

como a luz dos teus olhos.

 

gira, roda, balança…

e escrevo no teu corpo, em vários idiomas,

amo-te. e cada palavra,

é um novo gemido, quase madrugada, quase tudo.

balança-se em mim, o teu corpo

e eu percebo que há um oceano nos teus lábios,

que a cada maré dos teus beijos…

uma flor acorda, e sorri.

terça-feira, 30 de julho de 2024

aqui. primeira pessoa a acordar. aqui, quase dia ou quase noite,

daqui me despeço, ausente,

milhões de bocas, gritam

e não sabem o preço do medo.

 

um dia serei pó. milagre. acorda a lua envergonhada, deita-se a insónia sobre o pão, triste, este silêncio de avestruz, gaivota sobre o mastro doente, a promessa

daqui,

morro.

 

ergo-me da areia fina do mussulo, carrego sobre os ombros, um barco, mas

não sabemos quantas palavras tem

uma jangada de vidro.

sinto-te porquê depois do jantar, mistura-se com as plantas e com as abelhas,

foges-me.

segunda-feira, 29 de julho de 2024

 

alijó

29/07

solstício da tua ausência

 

desfaço-me em pequenos grãos de areia, miúda cânfora manhã, lá fora

um pássaro sente a tua ausência, mutua, para sempre

do sítio, lugar ou rua,

sem sentido.

mergulha a migalha de pão na sopa de palavras, e a ausência dos teus olhos são pedaços de lua, miseras madrugadas, loucas noites, à tua procura

 

quando a noite é um lençol de mar, sobre a tua pele branca em alegres geadas, a neve, na tua mão

derrete, nos meus lábios,

ódio e tudo o mais…

mesmo assim, não estou triste.

 

procuro em cada silêncio de cor o teu olhar, e uma parte de mim diz-me para te esquecer para sempre

a água transpira loiras moedas de desejo, uma árvore, sabe, que nunca mais te vou ver,

quando a manhã acordar. ficarei só; eu e os meus duzentos e seis ossos.

 

fui à janela e fui loucamente transportado para o mar, sentei-me na areia, desenhei o teu nome, olhei-o

e loucamente o risquei; ainda não satisfeito e acreditando que ainda restava algum pedacinho do teu nome, fui buscar um balde, enchi-o de água do mar, e lancei

toda a água sobre a sombra do teu nome.

agora, sei, que esqueci o teu nome. agora sei que esqueci o teu rosto, o teu sorriso, os teus olhos, os teus lábios,

agora,

agora sei que esqueci o teu loiro cabelo.

 

tal como esqueci

 

o nome da primavera.

domingo, 28 de julho de 2024

 

o baloiço é um campo magnético, e eu sou uma pedra, e ele é e masturba-se nos finos dedos da noite

sabes, todas as estrelas são em papel.

um livro que não sabe o que está a fazer sobre a minha mesa-de-cabeceira, uma garrafa de água que foi a criança mais feliz das terras de dongo de da matamba. eu. que escrevo e vejo do outro lado da rua

uma mulher nua, à janela. sobre o peitoril, uns finos e pequenos seios cinzentos, aprisionados ao soutien a cada último sábado do mês. hoje.

a lua, assim-assim, quase a desmaiar. o sexo dele

cresce por entre os calções de vento quase ao final da tarde,

e que tarde,

as abelhas mergulhadas no mel.

feldspato adeus, o milagre. sítios incríveis para colocar sobre a secretária,

e ele,

em frente ao espelho,

observa o sexo feroz capaz de correr um ano-luz em cada segundo. o piqueno, enlouqueceu. tudo indica que sim, sim senhor

- como te chamas?

- qual é o seu nome?

 

sobre a mesa,

 

um rio de vida.