alijó
29/07
solstício da tua ausência
desfaço-me em pequenos
grãos de areia, miúda cânfora manhã, lá fora
um pássaro sente a tua
ausência, mutua, para sempre
do sítio, lugar ou rua,
sem sentido.
mergulha a migalha de pão
na sopa de palavras, e a ausência dos teus olhos são pedaços de lua, miseras
madrugadas, loucas noites, à tua procura
quando a noite é um
lençol de mar, sobre a tua pele branca em alegres geadas, a neve, na tua mão
derrete, nos meus lábios,
ódio e tudo o mais…
mesmo assim, não estou
triste.
procuro em cada silêncio
de cor o teu olhar, e uma parte de mim diz-me para te esquecer para sempre
a água transpira loiras
moedas de desejo, uma árvore, sabe, que nunca mais te vou ver,
quando a manhã acordar.
ficarei só; eu e os meus duzentos e seis ossos.
fui à janela e fui
loucamente transportado para o mar, sentei-me na areia, desenhei o teu nome,
olhei-o
e loucamente o risquei;
ainda não satisfeito e acreditando que ainda restava algum pedacinho do teu
nome, fui buscar um balde, enchi-o de água do mar, e lancei
toda a água sobre a
sombra do teu nome.
agora, sei, que esqueci o
teu nome. agora sei que esqueci o teu rosto, o teu sorriso, os teus olhos, os
teus lábios,
agora,
agora sei que esqueci o
teu loiro cabelo.
tal como esqueci
o nome da primavera.
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