segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
A janela da solidão
A terra me engole
E mastiga-me nos alicerces da noite
A terra que se alimenta do meu cansaço
E me enrola na solidão da tarde
A terra me engole
E o mar mistura-se nas minhas mãos
E a maré dorme no meu peito
A terra desfaz o meu corpo em pedacinhos
E o vento
O vento os semeia na ardósia da manhã
Como se eu fosse o musgo abandonado no pavimento
Embebido em sombras
Quando na montanha a tempestade agreste
Entra pela janela da solidão
A terra me engole
A terra me prende ao cais onde barcos de papel
Poisam no sorriso de meninos de calções
E sandálias de couro
E das mangueiras
Desprendem-se papagaios de muitas cores
Recheados de sonhos
Abraçados a um mar invisível
A terra me engole
E de mim nascerão sorrisos
Palavras desconexas
Penduradas nas nuvens do fim de tarde
A terra me engole
A terra alimentar-se-á dos meus sonhos impossíveis
E de mim
E de mim ficará a saudade
E mastiga-me nos alicerces da noite
A terra que se alimenta do meu cansaço
E me enrola na solidão da tarde
A terra me engole
E o mar mistura-se nas minhas mãos
E a maré dorme no meu peito
A terra desfaz o meu corpo em pedacinhos
E o vento
O vento os semeia na ardósia da manhã
Como se eu fosse o musgo abandonado no pavimento
Embebido em sombras
Quando na montanha a tempestade agreste
Entra pela janela da solidão
A terra me engole
A terra me prende ao cais onde barcos de papel
Poisam no sorriso de meninos de calções
E sandálias de couro
E das mangueiras
Desprendem-se papagaios de muitas cores
Recheados de sonhos
Abraçados a um mar invisível
A terra me engole
E de mim nascerão sorrisos
Palavras desconexas
Penduradas nas nuvens do fim de tarde
A terra me engole
A terra alimentar-se-á dos meus sonhos impossíveis
E de mim
E de mim ficará a saudade
domingo, 25 de dezembro de 2011
Silêncio das palavras
Silêncio
O vazio prisioneiro numa mão encharcada de amanhecer
Depois de uma noite de insónia
No cais transparente onde poisam barcos envergonhados
E gaivotas marrecas
Silêncio
Nas palavras
Silêncio
Das palavras
Um corpo de homem evapora-se dentro de um cubo de vidro
Na meia-noite de um relógio caquético
Construído de sucata
Silêncio
Nas palavras
Silêncio
Das palavras
E envelhece o dia
Na algibeira da noite
E o cubo de vidro desfaz-se em grãos de tristeza
O vendaval entra pela janela
E todas as palavras em silêncio
E todas as palavras de silêncio
Adormecem no cais transparente
Onde poisam barcos envergonhados
E gaivotas marrecas
Cessam todas as luzes e cessam todas as palavras
Silêncio
Das palavras
Silêncio
Nas palavras
O vazio prisioneiro numa mão encharcada de amanhecer
Depois de uma noite de insónia
No cais transparente onde poisam barcos envergonhados
E gaivotas marrecas
Silêncio
Nas palavras
Silêncio
Das palavras
Um corpo de homem evapora-se dentro de um cubo de vidro
Na meia-noite de um relógio caquético
Construído de sucata
Silêncio
Nas palavras
Silêncio
Das palavras
E envelhece o dia
Na algibeira da noite
E o cubo de vidro desfaz-se em grãos de tristeza
O vendaval entra pela janela
E todas as palavras em silêncio
E todas as palavras de silêncio
Adormecem no cais transparente
Onde poisam barcos envergonhados
E gaivotas marrecas
Cessam todas as luzes e cessam todas as palavras
Silêncio
Das palavras
Silêncio
Nas palavras
sábado, 24 de dezembro de 2011
Aos poucos
Aos poucos
Fogem de mim as palavras
E morrem todos os sonhos
Aos poucos cessam em mim os rios e as montanhas
As árvores e os pássaros
Aos poucos
Escondem-se no mar as cinzas do meu corpo
E dos meus olhos os ramos da madrugada
Onde suspendo a minha cabeça
Aos poucos
Morro em cada pedacinho de silêncio
Nas linhas cruzadas de uma amarrotada folha de papel
Onde embrulho as lágrimas da noite sem estrelas
Aos poucos
Fogem de mim as palavras
E as cores dos meus sonhos travestem-se de negro
Nos muros clandestinos da saudade
E aos poucos
Sinto que desapareço no interior do fumo da tarde
Antes de adormecer
Depois de me olhar ao espelho
E no meu rosto pequeninos grãos de areia
E nas minhas mãos
E nas minhas mãos fatias de xisto
E migalhas de tristeza
Sobre a mesa de um jantar inventado
Fogem de mim as palavras
E morrem todos os sonhos
Aos poucos cessam em mim os rios e as montanhas
As árvores e os pássaros
Aos poucos
Escondem-se no mar as cinzas do meu corpo
E dos meus olhos os ramos da madrugada
Onde suspendo a minha cabeça
Aos poucos
Morro em cada pedacinho de silêncio
Nas linhas cruzadas de uma amarrotada folha de papel
Onde embrulho as lágrimas da noite sem estrelas
Aos poucos
Fogem de mim as palavras
E as cores dos meus sonhos travestem-se de negro
Nos muros clandestinos da saudade
E aos poucos
Sinto que desapareço no interior do fumo da tarde
Antes de adormecer
Depois de me olhar ao espelho
E no meu rosto pequeninos grãos de areia
E nas minhas mãos
E nas minhas mãos fatias de xisto
E migalhas de tristeza
Sobre a mesa de um jantar inventado
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