domingo, 25 de dezembro de 2011

Silêncio das palavras

Silêncio
O vazio prisioneiro numa mão encharcada de amanhecer
Depois de uma noite de insónia
No cais transparente onde poisam barcos envergonhados
E gaivotas marrecas
Silêncio
Nas palavras
Silêncio
Das palavras
Um corpo de homem evapora-se dentro de um cubo de vidro
Na meia-noite de um relógio caquético
Construído de sucata
Silêncio
Nas palavras
Silêncio
Das palavras
E envelhece o dia
Na algibeira da noite
E o cubo de vidro desfaz-se em grãos de tristeza
O vendaval entra pela janela
E todas as palavras em silêncio
E todas as palavras de silêncio
Adormecem no cais transparente
Onde poisam barcos envergonhados
E gaivotas marrecas
Cessam todas as luzes e cessam todas as palavras

Silêncio
Das palavras
Silêncio
Nas palavras

Sem comentários:

Enviar um comentário