foto de: A&M ART and Photos
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hoje és um mendigo igual a mim
uma pérfida folha de papel não
correspondida
hoje és um cadáver envergonhado
deitado na minha sombra
uma triste e cansada sombra debaixo dos
lábios do púbis incenso
hoje és um sexo amargurado
triste como as sílabas empapadas dos
livros de nada dizer
como as noites a arder
dentro de ti o comestível prazer
hoje finges que não te pertenço
que sou um muro em xisto
balançando sobre a encosta
atiro-me e encontro o rio
hoje és um mendigo igual a mim
fugindo da claridade
e dos beijos zangados em cinzentos fios
de sémen...
e dizes-me que sou um palhaço
um voador corpo com asas em papel
hoje desperdicei os abraços sobre a
lua em fúria
que deus deixou na mão da madrugada
hoje não sou nada
como ontem
como amanhã
hoje és...
apenas uma defeituosa maré de linho
com coloridos olhos em verniz...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 25 de Agosto de 2013