foto: A&M ART and Photos
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Penumbra refugiando-se em corpos de luz
que caminham e sonham nas andorinhas
com lâmpadas de néon
debaixo de nuvens transparentes
como o sal que a água dissolve
e vomita nas palavras escritas por um
louco,
Há quem desenhe nas oliveiras
descarnadas do eixo da eira
os guindastes de ferro enferrujado
límpido
que engolem barcos de madeira e
espigueiros empanturrados de milho
e sonhos,
E sonhos vestidos de penumbra
refugiando-se nas mãos incógnitas do
perfume de cereja
há quem escreva nos sonhos sem o saber
nem o adivinhar
quando terminará o dia e recomeçará
a nocturna paixão das almas,
E haverá um dia pêndulos de desejo
nas janelas do ciúme
a continuidade de mim
sobre a calçada longínqua junto ao
rio
e de lá observo o mar,
E de lá... caminho e choro e sonho
sonhando com a penumbra
eira com o espigueiro recheado de milho
e ao longe
os sinos da Igreja
cantando horas infindáveis horas
eternamente horas...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha