Abraço-te, sentindo que
da lentidão das coisas,
Acordam na tua mão as rosas
floridas,
Abraço-te, sabendo que na
lentidão das coisas,
Vivem todas as palavras
sofridas.
Abraço-te, sabendo que
nos braços da lentidão das coisas,
Escrevem-se livros de
poesia e, desenhos de viver,
Escrevem-se também, as
palavras que ela sentia,
Nas palavras de morrer.
E de dizer.
Abraço-te, abraçando-me à
lentidão das coisas,
Um perfume envenenado,
Talvez, como das outras
vezes,
Um corpo ensanguentado,
Ou uma donzela em
translação,
Talvez um corpo queimado,
Talvez, talvez uma enorme
ferida no coração;
E, mesmo assim, houve uma
vez,
Onde senti a neblina
cansada da escuridão.
Abraço-te, quando na
lentidão das coisas,
Regressa a noite bem vestida,
Se senta na esplanada da
vida,
Grita,
Grita para a alvorada,
E ouve da enxada maldita,
O silêncio das abelhas em
gargalhada.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 07/11/2021