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domingo, 12 de maio de 2013

Lâmina da paixão em lábios minguados

foto: A&M ART and Photos
Uma fina lâmina de aço vive no meu corpo
e voa dentro das minhas veias até chegar ao coração
até... conseguir-lo transformar em vitrina mecânica numa loja de conveniência
vivo dentro de ti sabendo que as tuas tristes palavras
aquelas que tu não prenuncias
como eu me recuso a escrever quando sinto-te presente na escuridão da noite
e oiço uma voz lânguida e trémula e moribunda...
que a morte traz e semeia na tua velha mão de centeio,

Uma mulata despede-se de mim sobre o cais das merendas
e entre poucas palavras
e entre longos beijos
escrevo-lhe nos seios o poema de ti sobre mim com alguns estilhaços de vidro
que alguém deixou adormecer sobre as pálpebras do orgasmo eterno auspício do sossego...
e eu permaneço intacto como os triângulos de tédio no jardim das orquídeas,

Vivo parecendo uma lâmina com aparências
a uma outra que dentro de mim escreve poemas no sangue de neblina
quando desce sobre os pequenos barcos de papel
vivo acreditando que os meus voos nocturnos sobre os cristais de iodo
servem-te de martírio consolo nas tardes de domingo
sei
que uma fina lâmina de aço
mastiga-se na tua boca de lábios minguados pela paixão do adeus...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha