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quinta-feira, 8 de março de 2012

Gaivota poema

Oiço-te na finíssima noite de inverno
Agachada na solidão transversal do néon doente
Oiço-te da janela invisível do sótão
Entre fendas e gemidos de orvalho
Oiço-te quando puxo de um cigarro
E sinto o meu corpo misturar-se no fumo
As minhas mãos começam a emagrecer
Como o papel de parede
Como o livro mergulhado na insónia
E pergunto-me Que fazer?
Quando as palavras que oiço
São como a água de um rio
Que apressadamente corre para o mar…
Oiço-te no cansaço dos sonhos
E barcos travestidos dançam sobre uma mesa
Em Cais de Sodré
Olé
Pois é
Oiço-te suspensa no teto
E da claraboia do sono
Desces até mim

(Oiço-te na finíssima noite de inverno
Agachada na solidão transversal do néon doente
Oiço-te da janela invisível do sótão
Entre fendas e gemidos de orvalho)

E da claraboia do sono
Adormeces flor selvagem
Abelha que poisa no fumo do meu cigarro
E se alimenta dos meus lábios
Oiço-te… Oiço-te dentro do meu peito
Gaivota poema
Na minha cama
Em chama

Oiço-te na finíssima noite de inverno