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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

As lágrimas de uma espada de sombra

 

Todas as noites

Cortas-me a cabeça com as tuas mãos de sono,

Acorrentas-me às esplanadas da insónia,

Enquanto no meu peito, uma lâmina de luz, morre.

Já sem cabeça, sento-me nesta pedra

Que chora sempre que a olho,

E também eu, choro quando lhe toco.

Nos meus olhos, um assassino de palavras

Brinca como se fosse uma criança inocente,

Como todas as crianças inocentes,

E eu, impávido, acredito no assassino de palavras;

Verto lágrimas sobre esta pequena folha em papel

Que apenas serve para que esta espada de sombra

Se limpe e purifique do crime cometido.

E o meu corpo jamais será comestível pela espada de sombra.

 

 

Alijó, 31/10/2022

Francisco Luís Fontinha