Todas as noites
Cortas-me a
cabeça com as tuas mãos de sono,
Acorrentas-me às
esplanadas da insónia,
Enquanto no meu
peito, uma lâmina de luz, morre.
Já sem cabeça,
sento-me nesta pedra
Que chora sempre
que a olho,
E também eu,
choro quando lhe toco.
Nos meus olhos,
um assassino de palavras
Brinca como se
fosse uma criança inocente,
Como todas as
crianças inocentes,
E eu, impávido,
acredito no assassino de palavras;
Verto lágrimas
sobre esta pequena folha em papel
Que apenas serve
para que esta espada de sombra
Se limpe e
purifique do crime cometido.
E o meu corpo
jamais será comestível pela espada de sombra.
Alijó,
31/10/2022
Francisco Luís
Fontinha