quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Vinte e três de Janeiro

 

Ter sorte

é morrer só. Só morrer.

Ter sorte é nascer a um domingo

e pertinho do mar.

Ter sorte é não ser amado, compreendido…

Ter sorte é não ter amigos.

 

Ter sorte é abraçar

todos os dias e todas as noites

a solidão do luar.

Ter sorte é estatelar-se contra os rochedos

e nem um pedacinho sobrar

para uma história contar

 

Para uma história escrever.

Ter sorte é nascer

às sete e trinta da manhã, de um fatídico domingo.

Ter sorte é ter no pulso um relógio de sol,

ter sorte, é morrer só num alegre vinte e três de Janeiro em frente à baía de Luanda.

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