Serei apenas um pássaro perdido dentro
deste mar de cascalho, serei apenas o vento, ou palavra deixada ao acaso,
na mão do caos.
Serei apenas o memento da despedida, no
abraço sentido depois da morte,
depois da partida.
Sou um homem sem sorte. Serei apenas um
gato
nas mãos de uma criança,
assanhado e que lê poesia após o jantar
ou quando nasce o dia.
Serei apenas o sono nos teus olhos,
serei e sou, o apenas temido luar de
verão
que quer ser papagaio de papel.
Serei um dia apenas
uma fotografia
da qual ninguém se irá recordar. Serei
livro que se despede da fogueira,
serei apenas a lareira que se despede da
noite,
serei apenas o poema…
Mas qual poema?
Serei apenas uma cama, um corpo despido,
tão magro
como são magros os jardins sem flores,
serei apenas uma lâmina à procura de
sangue, à procura
de uma mão.
Serei apenas uma pedra lançada contra a
janela, serei apenas
o vidro incandescente na lágrima de uma
calçada.
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