terça-feira, novembro 05, 2024

Em te amar

Não tenho medo de morrer. Apenas tenho medo, talvez muito medo,

De descobri que depois da

Continua o fado, isto é 

Qualquer coisas para lá

Da morte.

E aí reside o medo, ser tudo aquilo em que acreditei durante toda a minha vida,

Uma mentira. Mas que grande mentira.

E eu que já me sinto farto desta vida,

Imaginem,

Ter de continuar,

Numa outra vida,

Sem que sequer

Ao menos se dignem de me pagarem as vidas extras.

Não deixo filhos, não deixo amigos e, no entanto,

Preocupa-me muito

Continuar

Para lá

De.

Se eu pudesse escolher, se existisse alguma coisa,

Para além de

Eu, eu queria ser trapezista. Ou então,

Declamar,

Declamar poemas,

A cada esquina lá dessa coisa que ainda não sei o nome,

Que pode ser uma simples cama, um simples divã,

Ou apenas as coxas da Primavera. Ou apenas

O silêncio da partida. Se eu pudesse escolher, eu não queria de todo

Escolher. Se eu pudesse ir além de

Não. Não me façam essa desfeita. Fico por aqui. Aqui.

Não quero mais outro paraíso, outro momento, ou outra avaria

No circuito de frio,

Do desejo. Não.

Não tenho medo de morrer. Apenas se isto continua…

Acreditem,

Vou ficar,

Vou ficar muito chateado.

Depois dizem que os filhos únicos

São malucos, sei lá eu quantos irmãos tenho…

Sei lá eu,

Porque nasci.

Vocês, certamente, ainda não pensaram o que vieram fazer ao planeta Terra. No entanto,

A vossa única função

Será; nascer, crescer e procriar, morrer.

Nada mais do que isto. 

Isto é,

Nascer, crescer, foder, e procriar, foder e morrer.

Querem melhor do que isto?

Vale mais uma criança com um sorriso não mão, do que todos estes imbecis

Com os milhões no cu.

E eu às vezes, escrevo poemas, à mulher que amo.


E mesmo assim, sabendo que nem mereço a mulher que amo, 

Eu escrevo poemas,

À mulher que amo. Nunca mereci as mulheres que me amaram,


E me amaram, não sei porquê. Parvas.


Tão parvas como eu não ter medo de morrer. Apenas

Tenho medo,

De descobrir a verdade. Eu apenas

Eu apenas gostava de saber,

A verdade. Porquê?


É tão parva a minha inquietação, é tão parva

A menopausa dela,

Que até me dá graça, que até me dá calores,

Quando tremo,

De frio.

Termodinâmica. Descobri hoje que a engenharia mecânica,

É uma filial

Do amor.


São rodas dentadas,

Loucamente,

Apaixonadas,

Por parafuso de pressão.

E eu o quase engenheiro

Lamenta,

Quando vai à janela,

Não ver,

O mar.


Mas só o Al Berto consegue ver o mar

Da janela.

E eu sou a lua, sou o triangulo mais apaixonado do universo,

Sou a roldana,

E também sou o verso; o teu verso,

Meu amor.


Não tenho medo de morrer…

Mas tenho tanto medo, muito medo…


Em te amar!


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