Os sonhos
que desperdicei nas
manhãs de inverno
as noites de inferno
junto ao mar
inventando barcos e marés
e oceanos desgovernados
os sonhos
que desperdicei quando na
madrugada
um candeeiro a petróleo
de cerrava
e desaparecia na neblina
cansada
os sonhos
que desperdicei nas mãos
da dor
entre palavras e grãos de
poeira
e um pedacinho de
alumínio me acenava
e entrava em mim
junto à lareira
os sonhos
os sonhos
que desperdicei em todas
as folhas de papel
e em todos os livros que
li
e em todos os livros que
me recuso a ler
porque estou cansado de
sonhar
porque estou cansado de
sofrer...
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