quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Oceanos desgovernados

 

Os sonhos

que desperdicei nas manhãs de inverno

as noites de inferno

junto ao mar

inventando barcos e marés

e oceanos desgovernados

os sonhos

que desperdicei quando na madrugada

um candeeiro a petróleo de cerrava

e desaparecia na neblina

cansada

os sonhos

que desperdicei nas mãos da dor

entre palavras e grãos de poeira

e um pedacinho de alumínio me acenava

e entrava em mim

junto à lareira

 

os sonhos

 

os sonhos

que desperdicei em todas as folhas de papel

e em todos os livros que li

e em todos os livros que me recuso a ler

porque estou cansado de sonhar

porque estou cansado de sofrer...

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