Inventava cavernas na tua
garganta
percorria as entranhas
rochosas da tua pele de cogumelo acabado de nascer
via na tua língua as
migalhas de incenso
trazidas pela insónia
inventava barcos no teu
púbis como os desenhos das gaivotas sobre os teus seios de silêncio
ao cair a noite sobre o
Castelo da Solidão,
Inventava um divã seminu
em busca de corpos crucificados pelo suor da noite
e das pedras as
encarnadas palavras copiando veias e artérias dentro do medo
vinha até nós a escuridão
dos areais cinzentos com plumas adormecidas
vinhas-me do espelho e
dizias que eu parecia uma lanterna poisada sobre um pedaço de espuma
que o teu nobre corpo
degolava como sílabas num texto embriagado
pela minha triste mão,
Sabias-me a neblina
quando palmilhava o teu corpo com os meus lábios
escrevia meros poemas em
poucas palavras de argamassa orvalhada
sentia-me entre dedos e
marés
como ventos ciclónicos
depois de partir o último comboio para o Castelo da Solidão
puxava o último cigarro
e agarrando o último
suspiro... cerrava os olhos até adormecer eternamente só... dentro do teu
peito...
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